sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sonhos de inverno

Lágrimas de uma cara inchada, de um cara entregue novamente aos seus medos. Lágrimas que buscavam desesperadamente uma solução, aquela saída simples. Com decisões nem sempre acertadas mas que sempre são carregadas das melhores intenções. Intenções futuras, ele mesmo irá dizer. Mas intenções. 

Rostos ao acaso passam por ele, mas ninguém enxerga. Seus olhos seguem sem direção e com um rumo turvo. Não sabe mais onde está. Não consegue se localizar. Se encontrar. Se vê perdido nesse mar de confusões, proliferando impropérios mais que perfeitos de uma vida tola. 

Coração apertado que explode pela boca, a mesma das ofensas pessoais e intransigentes. A mesma que já destilou amores e venenos. A mesma que agora se cala diante da névoa que nunca se dissipa...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Confesso

Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos...juntos, JUNTOS.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, mordidas, beijos, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Oração para a Vida


Há manhãs que me trazem o medo
De ter de perto de mim alguém
Quanto aos prantos me vejo sozinho
Que sei que aqui no mundo espero alguém
Alguém que... que me faça esperar pelo agora!
Pássaro canta, a flor floresce ao dia
Bem ouvido para quem acorda o céu
Quantos rostos o acaso me traz
O momento relento da minha oração
Horas são
Horas vão
Horas são
Poeta que brinca de pega-pega
Te busco em minha composição
Tua saudade
Que fosse metade minha
Que me encontrasse
Como as horas encontra o dia
Poeta que brinca com a dona esperança
Por que a vida é o coletivo das horas que são pro dia.

domingo, 20 de maio de 2012

Noite.



Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal recônditos alçam vôo até minha mente, a perturbar minh’alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor.

Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?

Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.

sábado, 19 de maio de 2012

"Título da Postagem"


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo no meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? 
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certo que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! 
Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Amores achados e perdidos



É na noite, no bar pobre, de piso trincado, balcões encardidos e lâmpadas amarelas, que homens decrépitos, agarrados aos corpos e as cinturas das moçoilas, se tornam reis. O Álcool e sabe-se lá o que mais sobem à cabeça, descarregando emoções e potencializando fortalezas. É a vida que passa pela madrugada. Ou são as necessárias madrugadas atravessando a vida?
Discursos ferozes e sensíveis. É o poder de mando que se perde no vento, mas vai se renovar no gole de amanhã. A salvação do mundo está nas palavras destes notívagos da perece esperança e da sempre adiada realidade, que desfraldam a bandeira da vitória como se a vida fosse tão somente um detalhe e o bar um eterno presente. 


Depois da porta dos fundos, surge o paraíso num acanhado corredor com entradas lado a lado. Desvairados noturnos, vampiros em festa sugando fulgazes prazeres ao som de canções derramadas de paixão. Lá na frente para a rua, as vozes gerais, uma babel de sons; os risos abertos e os sentimentos expostos; e os movimentos, sob o ritmo de uma trágica alegria, com hora certa para ter fim, mas com dia marcado para recomeçar...É a catarse programada para o confronto com as tensões, medos e impotências diversas.

Amores achados e perdidos. Sob a luz âmbar, as meninas sem inocência, de todas as idades, estrelas brilhantes, parceiras da noite e de tantos quantos forem buscar conforto, girar seus saltos, e ativam todos os sentidos. Aliviam as dores dos homens ao mesmo tempo em que se esquecem das suas. Encontros nos descaminhos, prazer e sobrevivência, perfumes e suores diversos, mistura de odores e sonhos, palavras soltas e confidências relapsas, beijos cálidos e abraços amigos...

Um mercado de ilusões em que a troca é mais que urgente, é a essência para prosseguir. Enquanto isso, as mariposas dão rasantes suicidas em direção as lâmpadas. Tal qual as meninas. No bar proibido para menores e para maiores virtuosos, a noite é a rainha permissiva.

No primeiro olhar, um ambiente de decadência explícita, a reunião dos que ficaram à margem por razões distintas e não podem ou não querem atravessar para o outro lado. É a soma e a interatividade de todos os vícios. São os escombros morais.

Lados opostos e próximos. O outro olhar é aquele que enxerga além dos móveis e objetos tristes e gastos, dos cômodos pequenos e simples, das garrafas vazias, das canções e das paixões descartáveis. É aquele que tenta clarear as luzes do teatro para desnudar os personagens, tirando-lhes a maquiagem para encontrar o real e compreendê-lo. Esse olhar que busca o entendimento é o que vai fazer poesia...



Feito ao som de Pearl Jam.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Teu nome



Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-me no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.