segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Escrever não o que está sendo, mas o que há de vir... Como quem descreve o sonho antes de dormir. Feito quem planeja instantes sem planos de os cumprir.
Pouco tão me falta. Eu padeço é de raros excessos.
O corpo é corda — levemente tensa — de instrumento. Alguém que toca. O corpo que dança não é o que dança, é o que é tocado, e junto toca. Existe o silêncio do antes, o impacto do momento e a vibração do depois. Silêncio novamente.
Diz o sal:
— Vá, dor!
E a dor se vai em salgada obediência.
O bem é tão grande que envolve o mal em suas pequenezas e o faz girar: rodopios de dança.
Este mundo está levitando. A música está tirando nossos pés do chão. A alegria nos assombra feito um fantasminha. Brincadeira de criança: vida, tempo, som.
De vez em quando, levamos a sério. Crises, desastres, assassinatos, violações. A vida é tão amedrontadora quanto um teatro de assombrações.
As histórias precisam do tempo que se sucede. E o tempo não se sucede mais em mim. Olho tudo e vejo tudo. O tempo se há convertido em espaço. Eu vejo tudo da minha distância. E — feito potente telescópio — vejo tudo em cada detalhe de tudo ser.
Mas desagradam-me as frases curtas, a prosa fria. Quero a alegria de ser quem não penso que sou. Estar na praia embaixo do guarda-sol ao invés de caminhar. Mover-me lentamente em engarrafamentos. Sambar um show inteiro. Passar a noite entre fumantes e bêbados.
Viajar devolve-me o coração. Viajar é chegar à beira de si: beira com beira de outro si. Viajar devolve-me as gentes. O corpo — corda — vibra com o olhar da menina, com o vestido da menina, com o canto da menina, com o toque. Meu corpo frágil feito uma bola de sabão — na mão espalmada.
Tudo por um triz. Avião que acelera antes vôo. Mão que vai abrir torneira. Sonho prestes já em carne. Texto quase sem palavra. Transição de relógio em meia-noite: muda tudo, muda nada.
Senhor do Bonfim, me dê um bom meio — porque o excelente começo já foi há algum tempo.
Que o futuro seja como o presente e não repita o passado...
(L)
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3 comentários:
" Agora faça-me um favor "
Então conheço O Pequeno Príncipe sim, primeiro livro, perfeita histório.
*--*
Espero que vc esteja cada dia mais motivado a postar e declarar oq deve ser declarado!
Beijos
Saudades dos seus post's, olha sou fã convicta!
*--*
Nossa, primeira vez que leio teu blog, demaais. Quando meu amigo disse sobre ele, não imaginei o tamanho do teu talento para a escrita, meeo você escreve muuuito! Amei, fã desde já! Está seguido meu bem! Parabéns!
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