Se no princípio era o verbo, e o verbo se fez carne... então o corpo começou pela boca. No princípio era a voz, e a voz se fez língua, dentes e lábios.
A boca fala do que o coração está cheio, logo falo para tomar conhecimento de meu próprio peito.
Eu, bicho urbano, não tenho à mão essas coisas do sertão. Minha criação é só palavra: verbo feito em carne fraca. Dou do que sou porque não pude dar do que tenho. E agora sei que paga melhor é ser do que ter. Porque quem dá o que é não fica sem o que deu.
Há um tempo entre o início do verbo e o final da carne. A crônica não se segue imediatamente ao acontecido. A vida se intromete no escrito, com intimidades de reescrevê-lo. A criação do corpo principia na boca, mas não termina ali.
A crônica chega ao fim. O verbo que ouço virou carne de texto e de alma. E percebo que minha voz fala pelos meus dedos na esperança de um dia te amar até o limite do que não tem fim.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
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