Queria ter vivido melhor, porém a mediocridade sempre me foi farta e generosa nos caminhos que escolhi para viver. Queria ter sido mais alegre, porém a tristeza sempre foi companheira fiel nos dias intermináveis de abandono. Queria ter amado mais as pessoas que conheci, ou que fingi conhecer, porém na maioria das vezes, eu também não me conhecia. Queria ter andado mais livre, porém, algemado à ignorância, perdi muito tempo tentando voar sem sequer saber andar. Queria ter lido mais livros, porém, analfabeto de ousadia, passei muitos anos enxergando pelos olhos adormecido de outras pessoas. Também queria ter escritos mais poemas do que bilhetes pedindo desculpas, porém as palavras sempre me vieram como culpa, quase nunca como estrelas. Queria ter pensado menos no futuro, porém, o passado simples nunca foi o melhor presente. E a eternidade sempre me pareceu coisa de gente que tem preguiça de viver. Queria ter sido um homem mais humilde, porém, a vaidade e a ganância sempre me cercaram de mimos e coisas que até hoje não sei para que serviram. Queria ter pregado mais a paz, porém, covarde, gastei muita munição tentando atingir amigos e
desconhecidos que não usavam coletes à prova de balas nem blindados no coração. Queria ter dito mais a verdade, porém a mentira sempre foi moeda d troca
para comprar o respeito e admiração das pessoas fúteis de almas vazias. Queria que o mundo fosse mais justo, porém, avarento de nascença, fui o 11º a esconder o sol na palma da mão, antes que o vizinho o fizesse. E mesquinho por vocação escondi as noites com lua para que os poetas não a cortejassem. Queria ter dito mais besteiras, porém fui desses idiotas amantes das proparoxítonas...E sujeito oculto nos bate-papos de botecos de esquinas, onde a vida não acontece por decreto. Queria ter colhido mais flores, porém o medo de espinhos afugentou a primavera...E outono que sempre fui, plantei inverno quando a terra pedia verão. Hoje queria ter acordado mais cedo, porém, temo que para mim seja tarde demais.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
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