segunda-feira, 2 de junho de 2008

Senhor do Tempo.

Se eu fosse Senhor do Tempo, as horas não passariam tão devagar como estão passando agora, nem passariam tão depressa como aconteceu antes. Elas teriam sua certa duração, de acordo com a minha vontade. Poderiam até mesmo parar no instante em que eu desejasse, sob a influência de um estalar de dedos, dos meus dedos, esses mesmos que escrevem agora para eternizar aquilo que, de outra forma, ficaria apenas na lembrança. Se eu fosse Senhor do Tempo, o passado não seria fixo, não seria imutável e talvez sequer fosse passado. Eu poderia conjugar os verbos no tempo que eu bem quisesse (afinal, eu seria seu Senhor) e não precisaria esperar por um futuro que quero viver agora. Não, eu não precisaria nem mesmo esperar. Se eu fosse Senhor do Tempo, aquele momento se repetiria por muitas, muitas e muitas outras vezes. Eu o prolongaria, brincaria com ele como uma criança, sem pressa, sem compromisso.

Depois de reviver as sensações, cada uma delas, por quantas vezes eu sentisse vontade, eu colocaria o tempo em suas mãos. Seus dedos estariam sobre o relógio e você poderia brincar de ser Deus. Te faria a Senhora do Tempo. Então, o que você faria? Teria coragem o suficiente para apressar as coisas, pular etapas, dar um salto maior do que é capaz agora? Ou moveria os ponteiros ao contrário, para assim poder fazer tudo de forma diferente? Enfim… Se eu fosse Senhor do Tempo, não estaria fazendo tais perguntas. Eu teria todas as respostas sem precisar perguntar.

Mas o tempo é real e é cruel, ele finge não passar nunca ou passa rápido demais e esses movimentos nunca estão de acordo com a nossa vontade. Nem com a minha, nem com a sua. Então, enquanto fico aqui pensando no Tempo como se seu Senhor eu fosse, ele insiste em provar que me bastaria ser Senhor de Mim...


Obra prima.

Em grau de perfeição, me lembra a Última Missiva, algo sonhado em 2005 que se perdeu com o tempo...

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi lindo!!!! Amei esse! Aqui posso comentar!
A última Missiva não se perdeu, ela ficou nos nossos corações!!! Nunca vou esquecer da bela triste "de olhos profundos"!!

Adoro vc!!!
Fique bem.
Beijinhos no coração!

Jane C. disse...

Ah,que lindo esse texto!
Curiosamente vai ao encontro dos versos de uma música que eu adoro:"Quero uma fermata que possa fazer agora o tempo me obedecer...",e mais curiosamente ainda eu o li num momento em que estou mesmo pensando nessas coisas do tempo.
Bj!

Filipe de Paiva disse...

Vossos textos, sempre profundos e reflexivos, são de uma qualidade fascinante. =]

Anônimo disse...

Amei mais uma vez. :)
Beijo.

Anônimo disse...

Realmente, uma obra prima. *-*